Wilma e a mais difícil das lutas

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Wilma de Faria perdeu a mais difícil das lutas: a guerra contra o câncer.

Ela morreu, no final da noite de ontem, depois de um duro tratamento contra um câncer no intestino.

Pioneira na política do Rio Grande do Norte, tendo sido a primeira mulher eleita deputada federal, primeira prefeita de Natal e primeira governadora do estado, uma das lideranças mais carismáticas da história potiguar, a “guerreira” Wilma de Faria morreu às 23h40 deste feriado de Corpus Christi, 15 de junho, aos 72 anos de idade.
Wilma vinha convivendo com câncer no sistema digestivo há mais de dois anos, quando passou por tratamentos quimioterápicos e algumas cirurgias em São Paulo e Natal.
Mas sempre tentando conciliar com agenda de trabalho, uma de suas maiores fontes de vida e razão pela qual tem reconhecimento dos norte-rio-grandenses, – pelo legado de muitas ações e investimentos em todas as regiões do estado.

Eleita vereadora de Natal na última eleição, Wilma estava licenciada da Câmara desde o dia 18 de abril. Ainda cogitava retornar às atividades, mas teve que ser internada mais uma vez. Estava desde o dia 3 de junho na Casa de Saúde São Lucas, onde permaneceu até agora quando veio a óbito por falência múltipla de órgãos.

O velório acontecerá no Palácio da Cultura e o sepultamento no Morada da Paz, em Emaus, com horários a serem definidos.

A GUERREIRA
Mestra em Educação e especialista em Sociologia, Wilma Maria de Faria nasceu em Mossoró, na região Oeste, e cresceu em Caicó, no Seridó. Tem quatro filhos e 13 netos; era professora aposentada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde se licenciou em Letras.

Sua trajetória política foi marcada pelo pioneirismo e ousadia. Quebrando a forte herança machista no estado, Wilma foi eleita a primeira deputada federal pelo RN em 1986, atuando em defesa dos direitos dos trabalhadores – o que lhe rendeu nota 10 do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Em 1988 se elegeu a primeira prefeita de Natal, cidade que administrou por três mandatos (1988, 1996 e 2000). Já no ano de 2002 marcou mais um capítulo da história política do estado, ao ser eleita a primeira mulher a governar o Rio Grande do Norte, liderando uma frente de pequenos partidos. Foi reeleita em 2006.

Wilma de Faria também foi vice-prefeita da cidade do Natal entre 2012 e 2016, e presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB/RN) por 20 anos. Atualmente era vereadora de Natal pelo Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) para a legislatura 2017-2020.

LEGADO

Por onde passou, Wilma foi destaque pelo seu trabalho e dedicação, principalmente na área social. Mas foi à frente do executivo estadual que a ‘guerreira’ desenvolveu suas maiores ações e obras, entre elas a expansão da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), a Refinaria Clara Camarão, em Guamaré; a Ponte de Todos Newton Navarro, em Natal; a Ponte da Ilha de Santana, em Macau; a Ponte de Jucurutu; o Complexo Turístico Ilha de Santana, em Caicó; a Revitalização da Av. Rio Branco, a construção do Expocenter e a implantação do Curso de Medicina, em Mossoró.

Destaque ainda para o Programa de Segurança Alimentar, com os Restaurantes Populares, assim como a duplicação do número de Centrais do Cidadão; além de ter realizado um grande programa rural de apoio ao homem do campo: o Desenvolvimento Solidário.

Wilma orgulha-se também de ter melhorado os índices socioeconômicos do estado, sobretudo em energia eólica, que alçaram o RN de zero em energia limpa ao 1º lugar nos leilões do país, além de no turismo, principal atividade econômica, ter colocado o RN como destaque do Nordeste.
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