Jovem com autismo que desafiou diagnósticos e se formou em medicina
No prédio de Cuiabá (MT), os balões dourados formam o primeiro nome de Enã Rezende, de 26 anos. No lugar, há itens como chinelos e camisas em homenagem ao rapaz, que colou grau na terça-feira (15). A família não poupou esforços para comemorar a formatura do jovem no curso de medicina.
Para ela, que há quase 20 anos ouviu de uma professora de Enã que o garoto não conseguiria ser alfabetizado, ver o filho concluir o ensino superior é uma emoção que não consegue descrever.
Na manhã de quinta (17), quando visitamos Enã e os familiares, eles se preparavam para um jantar que aconteceria no período da noite, em homenagem aos formandos em medicina. Foi o terceiro evento em comemoração à conclusão de curso da turma. Na noite anterior, houve uma cerimônia religiosa.”Na colação de grau dele, fiquei em choque, sem expressar muita emoção, porque estava me lembrando de tudo o que vivemos desde que ele era pequeno. Mas ontem, no culto ecumênico, não aguentei e chorei bastante”, revela Érica.
Enã é autista. Desde a mais tenra idade, enfrentou preconceito e sofreu bullying por conta de suas características. Em razão das ofensas que ouvia de colegas, ele afirma que costumava se sentir inferior. O jovem conta que a conclusão do curso de medicina é também uma forma de provar para si que é capaz.
“Eu dizia para mim: tenho que vencer na vida e mostrar que está todo mundo errado. Sempre soube que teria de lutar mais que os outros para conquistar meus objetivos”, diz o rapaz, de fala mansa e poucos gestos.
Fonte : G1